terça-feira, 2 de março de 2010

A aposta


Sempre gostei de você, desde a primeira vez que te vi. Infelizmente aquele dia não foi como eu esperava, nem nos cumprimentamos, eu nem sei o seu nome.

O tempo passava e eu me aproximava mais e mais dele. Até descobri o seu nome: Daniel.

Conversávamos todos os dias, era a minha hora preferida do dia, depois que eu dormia pensando no que dizer da próxima vez que nos falássemos.

Sim, eu me apeguei muito rápido a ele, mas que eu posso fazer? Quem resiste a um menino fofo que fala sempre com você? Ele também ajudava com esse apego todo. Só de me falar “oi” eu ficava toda boba.

Se passaram alguns dias e mais nada dele ir falar comigo, nada de “oi”, nada de fofura e nem de apego. Eu estava me sentindo mal, talvez eu tivesse dito alguma coisa errada. Pensei em ir falar com ele, mas o orgulho e o medo não deixavam. Fiquei chateada por um bom tempo, quase nada me fazia bem.

Um dia, enquanto eu estava na escola, recebi uma mensagem dele, muito estranho, eu sei, também achei que era mentira ou brincadeira dos amigos dele. A mensagem dizia: Vamos nos encontrar depois da aula? Preciso falar com você, preciso de um favor seu.

Eu sei, seria a pior idiotice pensar em ir lá ver ele, mas eu não pensei, eu fui.

Era uma avenida, nos encontramos na esquina combinada. Ele me deu um abraço muito apertado, nunca tinha feitos isso antes, ele só me cumprimentava, mas enfim, foi bom. Depois ele começou a subir a travessa, sem me dizer nada, eu andei atrás, porque ele queria falar comigo.

Ele quem quebrou o silêncio, dizendo:

-...Entrei em uma aposta com os meus amigos, não sei o que eu faço...

- E o que eu tenho a ver com isso? – Cortei ele e acabei sendo grossa.

-...Pois é...Você é a aposta!

- COMO?

Fiquei muito assustada, como eu era a aposta? Que brincadeira é essa? Apostaram quem iria me derrubar primeiro ou quem ia me chutar primeiro?

- Apostamos que eu não conseguiria ficar com você, por isso estou aqui.

Ele estava com as mãos no bolso, abaixou a cabeça e ficou olhando seus pés. Eu virei as costas para descer a rua, mas parei, eu já estava ali, eu já gostava dele, sei que se eu fizesse isso tudo iria piorar, mas e daí? Por minutos eu seria feliz.

Virei de frente pra ele, respirei fundo e falei:

- Que eu tenho que fazer pra te ajudar?

Imediatamente ele levantou o rosto com um sorriso inexplicável. Me disse que seus amigos estariam atrás de um carro em uma rua, vendo tudo, e que eu ia precisar beijá-lo, pelo menos de mentirinha. Até que eu tava entendendo a ideia, gostando mais eu menos, estava só esperando a hora do beijo.

Andamos até essa rua, no meio do caminho ele pegou minha mão, tive que olhar para outro lado e tentar esconder o sorriso, eu estava vermelha. Quando chegamos lá, ele se encostou na parede, me abraçou e cochichou:

- Pode ser agora?

Acenei com a caneca, dizendo que sim. Ele me beijou. Não preciso nem dizer nada, foi mais que real, eu esqueci totalmente que era uma aposta. Durou um tempinho o beijo, e quando terminou eu não queria abrir os olhos, quando abri ele estava sorrindo e não disse nada, ainda estávamos meio abraçados. Depois de um tempo, lembrei que era tudo uma aposta e fiquei esperando os amigos dele saírem gritando detrás do carro, então eu disse:

- Eles já viram?

Ele não respondeu, só sorriu. Eu achei que foi um sinal, para que eu soubesse que viram sim. Fui tentar sair e pegar minha bolsa que estava no chão, mas ele me segurou, continuou sorrindo. Não entendi o recado, continuei esperando os amigos dele, nada deles.

Decidi ir olhar atrás do carro e adivinhem? Ninguém. Eu estava de um lado da rua e ele do outro, olhei pra ele e falei alto:

- Cadê eles?

- Eu menti pra você, nunca existiu aposta nenhuma.

Ele continuava encostado na parede, sorrindo e me esperando para deixarmos todo esse começo de lado e vivermos a nossa própria aposta.

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Gostaram dessa? :)

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