terça-feira, 23 de março de 2010

Te Encontrei


Aquele filme que eu esperei seis meses para assistir finalmente estava em cartaz nos cinemas. Combinei com alguns amigos de irmos na sexta-feira assistir no shopping mais próximo da nossa cidade. O filme se chamava “ Te Encontrei “ e dois atores que eu gostava muito estavam nesse filme. Eu iria nem que fosse sozinha, só eu e a tela do cinema com muitas pipocas amanteigadas.

Conforme a semana foi passando, meus amigos que estavam combinando de ir chamaram seus amigos e assim foi, logo muitas pessoas queriam ir. Então, até o final de semana aumentaram os amigos, éramos em cinco e depois em trinta.

Finalmente o final de semana tinha chegado, e lá estava eu me arrumando para ir ao shopping com meus amigos e disposta a conhecer novos amigos. A ansiedade para ver o filme era demais, isso que eu nem sou fã de cinema.

Até que chegamos cedo no cinema, mas até reunir todos os amigos no mesmo lugar foi o que demorou. O problema era assistirmos o mesmo filme, ninguém entrava em acordo. Eu até entendo que meninos não são fãs de comédias românticas, mas então íamos ter que nos dividir. Acabaram me empurrando para um filme de suspense, eu ia morrer de medo e ainda por cima ter que assistir sem vontade e morrendo de vontade de ver o filme da sala ao lado.

Quando entramos na fila para compramos nossos ingressos, no grupo da frente, tinha um garoto que olhava muito, até me deixou sem graça, mas como ele era bonito, olhei e sorri, correspondendo. Ele sorriu também, mas ficou nisso, depois ele falou com os amigos e eles olharam também, mas nada mais.

Compramos os ingressos e já entramos na sala, achar trinta lugares perto não seria uma missão fácil. Cinco minutos de trailer e eu me lembrei das pipocas, pedi licença ao pessoal e fui comprar as pipocas fora da sala.

Logo que cheguei na fila da pipoca, aquele menino estava na fila também, mas umas três pessoas na minha frente. Ele acenou e sorriu, fiz o mesmo para sem simpática. Depois de comprar ele veio falar comigo.

- Vem, vamos ver o filme que você quer. – Ele sorriu. – Me desculpe, escutei você dizendo que queria ver.

Sorri e apenas o segui, nem comprei minhas pipocas, queria ver se era verdade que iríamos ver o filme que eu queria. Entramos na sala e nos sentamos em uma nas ultimas fileiras.

Conversamos bastante, mal assistir o começo do filme. Ele era muito legal, pelo menos naquele momento em que estava dando em cima de mim.

Depois de uns vinte minutos de filme não estávamos mais conversando palavras, eram sorrisos e muitos beijos.

Logo que o filme acabou nos despedimos, eu disse que tinha que ir embora, meus amigos estavam me esperando. Assim, fomos um para cada lado, atrás de nossos amigos.

Quando encontrei meus amigos, estavam preocupados, um perguntou:

- Onde você estava?

- Entrei na sala errada. – Aquele sorriso não saia do meu rosto.




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E você, curte um cinema?

sexta-feira, 19 de março de 2010

Fica comigo para sempre?


Todos me observavam e sorriam. Aquela música alma e clássica tocava o coração de todos. Muitos estavam emocionados, mas eu estava mais. Em meu rosto, as gotas da felicidade escorriam. Eu caminhava devagar sobre aquele tapete vermelho e cumprido. Aquelas flores em meus braços soltavam um perfume delicioso. Á minha frente um imenso altar. Restavam alguns minutos para eu virar mulher. Era o dia do meu casamento.

Ele sorria para mim. Um sorriso tão sincero. Me beijou a testa e entrelaçamos nossos braços, como um verdadeiro casal. As pessoas que estavam no altar enxugavam as lágrimas em seus lenços, delicadamente, porque todas as mulheres usavam lindas maquiagens.

Logo a cerimônia começou oficialmente. O senhor de branco, á nossa frente, nos abençoava. Estávamos ajoelhados em frente á mesa. Depois de alguns discursos o senhora disse em alto e bom tom:

- Alguém tem algo contra este casamento? Diga ou cale-se para sempre.

- Eu tenho!

Todos olharam para trás, inclusive eu, que me levantei. Era ELE. Estava se levantando do ultimo branco da igreja e seguindo em direção ao corredor central. Vinha caminhando depressa, mas a minha ansiedade não agüentava. Era difícil conter o sorriso em meus rosto, mesmo com meu casamento estando prestes a se acabar.

Ele chegou e se aproximou de mim. Depois eles sorriu, olhou para todos e depois olhou bem em meus olhos, dizendo:

- Não sei mais viver sem você, você não pode fazer isso.

Meu noivo abaixou a cabeça. Nessa altura já sabia que era meu EX noivo. Ele apenas saiu da igreja, caminhando lentamente, acho que estava esperando eu me arrepender da minha decisão. Quando ele saiu, todos olhavam estranhamente para nós dois no altar. Sem perder tempo ele se virou para viu e disse:

- Fica comigo para sempre?

Na mesma hora tudo começou a ficar claro e muitos flashes de luz entravam pelas janelas da igreja. Depois eu entrei em um túnel to tempo e acabei me perdendo por lá. Acordei assustada com tudo aquilo e me dei conta que estava apenas sonhando mais uma vez o mesmo sonho, aquele que um dia foi realidade.


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E ela teve que escolher entre dois, porque não deixou um pra gente?

quinta-feira, 18 de março de 2010

Ondas


Mesmo odiando a ideia de ter que ir para a praia obrigada, acabei me divertindo no final. Acompanhem minha história que vocês entenderão.
Era sexta-feira à noite, mamãe foi me avisar nos últimos minutos que nós íamos viajar. Nunca gostei de praia, ainda mais com família. Meu irmão mais novo só quer ir no mar, e quem tem que ir com ele? Claro, eu! Papai fica conversando com os amigos e quem tem que ir buscar as bebibas, adivinhem? Eu! Mamãe fica tomando sol e quem tem que passar protetor em suas costas? A filha mais velha, eu!
Entendem o porque de eu não gostar de ir á praia? Que bom, me sinto melhor assim.
Mas dessa vez foi diferente, era uma simples sexta-feira. Estávamos indo á praia, eu fui escutando musica, meu irmão foi jogando, mamãe reclamando e papai nervoso. Sempre foi assim, mas lá eles melhoravam um pouco.
E estão se perguntando porque foi diferente? Só começou a fazer diferença no sábado, quando eram nove horas da manhã e estávamos indo para a praia. Nada pra fazer lá, fiquei lendo uma revista, até que me deu uma louca vontade de dar uma volta pela praia. Passei bastante protetor, coloquei minha saia, peguei minha rasteirinha na mão e lá fui eu.
Caminhei por muito tempo, a água cobria meus pés, era uma delicia. A praia era vazia, porque era particular, então dava pra eu me localizar muito bem. Poucas pessoas estavam no mar.
Uma pessoa me chamou atenção, era um garoto, ele estava sentado em uma pedra na ponta da praia. Sem perceber eu estava parada e olhando para ele, enquanto ele, olhava o mar.
De repente ele se virou para mim e sorriu. Acabei sorrindo em resposta. Ele foi para a ponta da pedra e bateu com a mão ao seu lado, como se dissesse para eu me sentar lá. Atendi ao seu pedido, me sentei.
- Então, tem coisa mais bonita que isso? – Ele disse, ainda olhando para o mar.
-...Acho que não...- Eu disse, com vergonha.
- Pois é, mas tem.
- Tem? – Olhei para ele, com dúvida.
- Sim. – Ele deixou de olhar para o mar e me olhou nos olhos. – Você!
Depois de momentos com vergonha, depois de beijos, depois de uma paixão de momento ele se foi, mas ainda aguardo ele voltar com as ondas do mar.

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Será que as ondas realmente voltam?
( recebi ajuda da @Bru_secret )

quinta-feira, 11 de março de 2010

Curiosidade faz bem !


Queria saber se o que ele sente é o mesmo. Já sabem do que eu estou falando, né? Pois é, não sei pensar em outra coisa. Seria legal se estivesse escrito na testa dele ‘ eu gosto de você sim’, mas infelizmente as coisas não são tão claras assim. Vou contar o que aconteceu comigo.
Certo dia eu estava na escola, ele era de uma turma diferente, mas sempre sorria pra mim. Às vezes eu ficava assistindo ele e os amigos jogarem futebol, quando ele fazia gol, olhava e sorria para mim. Isso me deixava completamente boba.
Um dia enquanto passava pelo corredor da escola, eu estava pegando o livro que estava no armário e vi que ele acabou derrubando os livros que estava na mão. Abaixei para ajudá-lo a recolher tudo, era o mínimo que eu poderia ter feito, ele agradeceu e saiu apressado, acho que estava perdendo aula. Quando olhei, ao meu lado, tinha um pequeno caderno, peguei e levei para minha aula junto comigo, depois eu devolveria.
A tentação de ler era tanta, que acabei abrindo. Eu só queria ver a letra dele, ver se ele fazia as tarefas, saber dessas coisinhas. Quando abri, as duas primeiras folhas estavam em branco, na terceira folha estava escrito:

Não acredito que estou fazendo isso, se meus amigos souberem vão me chamar de gay, mas tudo bem, não posso ficar contando tudo para eles, eles só me zoam.

Virei mais algumas paginas, aquilo parecia o que vocês estão pensando mesmo, parecia não, era um diário. Ele foi o primeiro menino que descobri que tinha um diário, nunca imaginei que os fortes e galinhas tivessem que desabafar também.
Na outra pagina estava escrito:

Acordei hoje com uma dor de cabeça insuportável, minha mãe não me deixou faltar na escola. Nas primeiras três aulas dormi, zoei com os moleques no intervalo e nas três ultimas aulas dormi.
Ontem bebi demais, eu faço isso todas as sextas-feiras. Depois eu e os moleques fomos à uma balada eu cheguei na menina mais gata e acabei pegando, umas amigas dela se jogavam em cima de mim, enfim, sai de lá depois de pegar 7 meninas. Meus amigos não pegaram isso nem todos eles juntos.

Nossa, porque meninos são assim? Até em diários querem se gabar, incrível o pensamento deles. Bom, continuei lendo, vai que eu descobria alguma coisa meio obvia. Vai que em uma pagina ele deveria ter escrito ‘ aquela menina boba continua sorrindo para mim e indo ver meus jogos, que tonta’. Pelo menos eu ia saber o que ele pensa e não iria continua naquela situação de sorrisos e livros pelo corredor. E o pior, como eu ia devolver o diário?
Virei mais algumas paginas, ele contava quantos gols fazia em cada jogo, quantas meninas pegava em cada balada. Até que virei tantas paginas que estava no mês em que estávamos, e , por incrível que pareça, ele não tinha nem bebido, nem ido em baladas e nem pegado meninas. Continuei olhando, e lá estava, o dia do jogo de futebol, ontem:

É, hoje fui jogar com os meninos, fiz 4 gols. Ganhamos de novo, novidade. Ela estava lá, sorrindo, queria dizer que os gols foram pra ela, mas me falta coragem. Porque será? Eu chegava em qualquer menina tão fácil, sem medo, esse sentimento me faz ficar assim, bobo. Não consigo mais parar de pensar nela. Agora o que me faz dormir nas aulas é ficar a noite inteira pensando como será que ela vai estar no outro dia. Será que amanhã vai estar com o cabelo solto? Com aquele perfume doce que eu gosto tanto. Será que irá sorrir para mim como em todos os outros dias ou será que vai faltar? Se ela faltar eu juro, juro que não vou ficar bem, só ela me faz bem ultimamente. Bom, chega de babozeiras, já basta eu ter um diário e estar apaixonado. Boa Noite e sorte para mim amanhã.

É, precisei sair da aula, ir ao banheiro e lavar o rosto, muito bem lavado. Aquele sorriso não saia do meu rosto. Claro que era eu, que eu me lembre eu era a única que foi assistir ao jogo ontem. E como devolver o diário?
Entrei na sala de aula, me sentei e comecei a pensar mais e mais nele. Logo bateu o sinal, guardei minhas coisas na bolsa e fui até o meu armário. Eu tinha certeza que estava vermelha. De repente ele passou olhando, ajoelhado no chão, embaixo dos armários. Parei em sua frente, abraçada com o seu diário e morrendo de vergonha. Quando ele me viu, levantou-se devagar e sorriu, dizendo:
- Você o encontrou, obrigado.
Só afirmei com a cabeça, meus rosto ainda queimava de vergonha, mas sorri.
- Já sabe, né?
Afirmei novamente com a cabeça, dessa vez abaixando o olhar para o chão. Ele levantou meu rosto com sua mão, sorriu e me deu um selinho.
- Espero que agora você realmente me entenda.

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Espero que as duas primeiras páginas estejam cheias de corações :}

quarta-feira, 10 de março de 2010

A Verdade


Penso só em me sobrecarregar de tarefas, assim, talvez, eu me esqueça um pouco de você. Quem sabe eu não ache outra pessoa.
É que você também não me ajuda, sempre me faz lembrar de você.
Era um dia qualquer, eu já tinha todo o sentimento e você sabia de tudo, só ignorava, fingia que era apenas meu amigo, dava umas indiretas e depois dava um passo para trás novamente. Só me atiçava e me deixava mal e mal. Me falava das suas meninas e eu concordava numa boa, mas era só por fora, por dentro você não tinha nem noção do que eu sentia.
Cada dia estávamos de um jeito, mas decidi me afastar de você. Estar tão próxima da sua vida me deixava mal, estar longe me deixava mal, acho que só estar com você me faria ficar bem, muito bem.
Eu tinha medo de me arriscar e acabar dando mais pistas e você acabar descobrindo que eu não queria só amizade, que não me sentia só atraída, tinha medo que você soubesse do sentimento, aquele sujo nome tenho medo de dizer, é muito forte.
Se um dia você sentiu isso por alguém, se decepcionou, porque nunca falava nada sobre e tentava fugir de coisas sérias, se achava o tal também, alguma menina devia ter te machucado demais, eu entendia isso, mas eu podia mudar isso.
Naquela época eu era capaz de qualquer coisa por você, de qualquer loucura. Eu deixava de viver minha vida por você, estava sempre de braços abertos te esperando, se você precisasse de ajuda, por mais que me deixasse triste, eu estaria lá te esperando para te ajudar. Agora isso mudou, vocês vão saber o porque no final, aguardem, é logo abaixo.
Comecei a fazer de tudo, sair, andar na rua sozinha, encontrar novos amigos. Tentei fazer de tudo me parar de pensar em você, já bastava ter que te ver todo dia, ter que aguentar você falando das meninas que pegava, das baladas que freqüentava, das festas que ia e aprontava mizérias.
Tentei fazer tudo de outro jeito, no começo parecia estar dando certo, depois tudo voltou ao normal, ou até piorou. Eu estava tomando coragem para fazer uma coisa que nunca faria ou que ia me arrepender muito. Uma coisa que ou tem um fim ou tem um começo, e eu estava esperando o fim.
Sim, cheguei na frente dele, com as lagrimas secas na garganta já e comecei a falar, brava:
- Não sei se você não percebe, não sei se você se faz de idiota, não sei se você gosta disso, não sei se você apenas quer ignorar e continuar com a amizade, se isso for uma amizade! – não consegui segurar as lagrimas e elas caíram aos poucos – Espero que esteja satisfeito se conseguiu o que queria, espero que esteja magoado se perdeu uma amiga, mas ficar assim não da mais. Ou você da esperanças ou não da! Tentei de dizer de todas as maneiras, menos diretamente, como agora, o que eu sinto por você, e estou percebendo que só agora está dando certo. Eu gosto de você, satisfeito? Agora eu vou embora, porque eu ainda não acredito que você não falou nada e também não acredito que estou fazendo esse papel de boba pra você...
Sai andando, isso tudo aconteceu no ponto de ônibus. Meu ônibus chegou bem na hora que eu estava terminando de falar, por isso cortei logo. Entrei no ônibus e sentei, quando olhei pela janela ele estava com as mãos no bolso, sorrindo, achei que ele estava debochando de mim, mas descobri que não quando ouvi o som que saiu da sua boca:
- Eu também gosto de você.

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No ponto essa, hein?

quarta-feira, 3 de março de 2010

Como isso foi acontecer?


Nunca tive coragem de contar o que sentia por você. Acredito que você também nem entenderia o meu lado, você nunca gostou de mim. Algumas pessoas até diziam que era o que você queria demonstrar, mas que por dentro você sentia alguma coisa sim.
Eu só admirava você de longe, mesmo porque de perto não ia ser possível. Nem os seus amigos gostavam de mim, nenhum deles.
Arrumava mil desculpas para ir te ver. Tentava me aproximar de conhecidos, tentava saber mais de você, isso me deixava contente, pelo menos saber de você.
Meus dias já não tinham sentido sem você. Acordava e a primeira coisa era imaginar o seu rosto e o seu sorriso, dormia e a ultima coisa a pensar era em você, as vezes eu até sonhava, e sonhos bem longos.
Na escola só sabia pensar em você, as vezes me pegava sorrindo e meus amigos rindo das minhas caras de apaixonada. É a vida.
Um dia, estava em uma aula de Literatura, quando recebo uma mensagem de um numero desconhecido. Até ai tudo bem, mas ela dizia: Seu amor está internado, esta no hospital perto do seu colégio, se quiser ir ver ele p quarto é 102.
Minha ficha não caiu. Podia ser um trote, podia ser qualquer coisa, menos isso, talvez fosse ele ou algum amigo zuando comigo, vendo se eu faria tudo que pudesse mesmo. Mas eu faria! Cheguei para um amigo meu e disse:
- Vamos ao hospital comigo hoje, você pode ficar lá fora, só quero visitar uma pessoa que está internada.
- Claro!
Eu não queria que ele entrasse comigo porque vai que era brincadeira, vai que estavam lá fora rindo de mim. Não queria que meu amigo participasse da brincadeira toda, né?
As aulas passaram o mais devagar possível. Eu lutando contra a tristeza de não saber o que tinha acontecido. Finalmente o ultimo sinal soou e eu sai desesperada pela porta.
Quase não esperei meu amigo, ele teve que correr pra me acompanhar. Eu estava andando muito rápido, estava com medo do que iria acontecer depois disso, na hora que eu chegasse lá, isso tudo podia ser só mais um sonho, seria melhor.
Entrei, meu amigo ficou lá fora, como eu pedi. Eu estava desesperada, disse à recepcionista o nome dele e o quarto e ela confirmou que ele estava lá, era a UTI.
Subi correndo, chegando lá passei pela sala de espera, estavam quase todos os amigos dele, fiquei parada, não sabia mais o que fazer, seus pais também estavam lá, sua mãe chorando. Achei que eles iam querer me colocar pra fora, como eu disse, os amigos dele não gostavam de mim, mas um deles me olhou bem e aponto pro final do corredor, acho que dizendo que era pra lá. Acenei que sim com a cabeça e fui até lá.
Não eram paredes, eram vidros, quartos cheios de aparelhos, pessoas dormindo sonos profundos e o medo me atingia mais e mais. Cheguei até o quarto dele. Não me contive, as lágrimas saíram sozinhas. Ele estava tão tranqüilo, não fazia cara feia ao me ver, ele não me via. Entrei no quarto, ele estava deitado, cheio de fios pelo corpo todo, dormindo profundamente. O aparelho ao lado media seus batimentos e fazia barulho. Isso só me deixava pior. Cheguei perto, peguei sua mão que não estava muito quente, respirei fundo e disse não muito alto:
-...Eu sei, você pode não querer que eu esteja aqui, você não gosta de mim, seus amigos não gostam de mim, talvez ninguém esteja a vontade aqui. Prometi a mim que ficaria longe de você, mas olha o que aconteceu, não consegui. Mas enfim, olha como o destino me fez chegar perto de você...- respirei fundo, eu estava chorando tanto que mal conseguia falar, cheguei mais perto dele e apertei mais sua mão -...essa situação é horrível, como pode estar acontecendo com você, bem com você. Ainda não acredito. Isso tudo é tão estranho, eu nem sei o que aconteceu, eu nem sei quem me contou que você estava aqui. Eu só sei que agora estou aqui, só sei que tudo vai ficar bem e voltar a ser como era antes, você e eu longe um do outro, eu juro que vou me controlar mais, eu te juro que nada disso nunca vai voltar a acontecer, eu vou estar sempre te protegendo, de longe. – Engasguei com o choro, eu precisava ir embora, era uma UTI. - ... Eu te amo...
Antes que eu soltasse sua mão, ele mexeu o dedinho. Eu juro que ele mexeu. Talvez tivessem razão, talvez esse mesmo sentimento existisse em nós dois. Só sei que quando ele melhorou, meu coração se recuperou muito bem.

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Essa mexeu com o meu coração :')

terça-feira, 2 de março de 2010

A aposta


Sempre gostei de você, desde a primeira vez que te vi. Infelizmente aquele dia não foi como eu esperava, nem nos cumprimentamos, eu nem sei o seu nome.

O tempo passava e eu me aproximava mais e mais dele. Até descobri o seu nome: Daniel.

Conversávamos todos os dias, era a minha hora preferida do dia, depois que eu dormia pensando no que dizer da próxima vez que nos falássemos.

Sim, eu me apeguei muito rápido a ele, mas que eu posso fazer? Quem resiste a um menino fofo que fala sempre com você? Ele também ajudava com esse apego todo. Só de me falar “oi” eu ficava toda boba.

Se passaram alguns dias e mais nada dele ir falar comigo, nada de “oi”, nada de fofura e nem de apego. Eu estava me sentindo mal, talvez eu tivesse dito alguma coisa errada. Pensei em ir falar com ele, mas o orgulho e o medo não deixavam. Fiquei chateada por um bom tempo, quase nada me fazia bem.

Um dia, enquanto eu estava na escola, recebi uma mensagem dele, muito estranho, eu sei, também achei que era mentira ou brincadeira dos amigos dele. A mensagem dizia: Vamos nos encontrar depois da aula? Preciso falar com você, preciso de um favor seu.

Eu sei, seria a pior idiotice pensar em ir lá ver ele, mas eu não pensei, eu fui.

Era uma avenida, nos encontramos na esquina combinada. Ele me deu um abraço muito apertado, nunca tinha feitos isso antes, ele só me cumprimentava, mas enfim, foi bom. Depois ele começou a subir a travessa, sem me dizer nada, eu andei atrás, porque ele queria falar comigo.

Ele quem quebrou o silêncio, dizendo:

-...Entrei em uma aposta com os meus amigos, não sei o que eu faço...

- E o que eu tenho a ver com isso? – Cortei ele e acabei sendo grossa.

-...Pois é...Você é a aposta!

- COMO?

Fiquei muito assustada, como eu era a aposta? Que brincadeira é essa? Apostaram quem iria me derrubar primeiro ou quem ia me chutar primeiro?

- Apostamos que eu não conseguiria ficar com você, por isso estou aqui.

Ele estava com as mãos no bolso, abaixou a cabeça e ficou olhando seus pés. Eu virei as costas para descer a rua, mas parei, eu já estava ali, eu já gostava dele, sei que se eu fizesse isso tudo iria piorar, mas e daí? Por minutos eu seria feliz.

Virei de frente pra ele, respirei fundo e falei:

- Que eu tenho que fazer pra te ajudar?

Imediatamente ele levantou o rosto com um sorriso inexplicável. Me disse que seus amigos estariam atrás de um carro em uma rua, vendo tudo, e que eu ia precisar beijá-lo, pelo menos de mentirinha. Até que eu tava entendendo a ideia, gostando mais eu menos, estava só esperando a hora do beijo.

Andamos até essa rua, no meio do caminho ele pegou minha mão, tive que olhar para outro lado e tentar esconder o sorriso, eu estava vermelha. Quando chegamos lá, ele se encostou na parede, me abraçou e cochichou:

- Pode ser agora?

Acenei com a caneca, dizendo que sim. Ele me beijou. Não preciso nem dizer nada, foi mais que real, eu esqueci totalmente que era uma aposta. Durou um tempinho o beijo, e quando terminou eu não queria abrir os olhos, quando abri ele estava sorrindo e não disse nada, ainda estávamos meio abraçados. Depois de um tempo, lembrei que era tudo uma aposta e fiquei esperando os amigos dele saírem gritando detrás do carro, então eu disse:

- Eles já viram?

Ele não respondeu, só sorriu. Eu achei que foi um sinal, para que eu soubesse que viram sim. Fui tentar sair e pegar minha bolsa que estava no chão, mas ele me segurou, continuou sorrindo. Não entendi o recado, continuei esperando os amigos dele, nada deles.

Decidi ir olhar atrás do carro e adivinhem? Ninguém. Eu estava de um lado da rua e ele do outro, olhei pra ele e falei alto:

- Cadê eles?

- Eu menti pra você, nunca existiu aposta nenhuma.

Ele continuava encostado na parede, sorrindo e me esperando para deixarmos todo esse começo de lado e vivermos a nossa própria aposta.

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Gostaram dessa? :)