domingo, 15 de agosto de 2010

Um Filme de Inverno


Era uma sexta-feira pouco agitada. O frio nos impedia até de pensar. Todos queríamos sair, mas as ideias não chegavam. Todos os lugares possíveis eram ao ar livre e isso era o que menos queríamos, apenas queríamos um lugar aconchegante.

Depois da aula cada um foi para sua casa. Eu mal sabia o que fazer, de sextas sempre saiamos, já era como um ritual e, dessa vez, não seria seguido porque o tempo decidiu não cooperar. Acabei pegando no sono.

Acordei com uma mensagem da minha amiga, que dizia:

Vamos na casa da Júlia assistir um filme, vê se aparece, beijos.

A preguiça era grande, mas nada melhor que passar um tempo a mais com os amigos, ainda mais quando todos íamos ficar quentinhos. Todos iríamos dormir por lá, porque nossa sessão de filme acabaria bem tarde.

Comecei a me arrumar na hora. Em quarenta minutos eu estava a caminho da casa da Júlia. Encontrei mais uma amiga na frente da casa, entramos juntas. Pensei que apenas as meninas iam, pensei que seria como uma festa do travesseiro, mas tinha alguns meninos também, inclusive o primo da Júlia (sempre que ele saia com a turma eu ficava tímida, e rolavam alguns olhares).

Na sala de tv já tinham vários colchões espalhados pelo chão, algumas vasilhas com pipoca e o pessoal estava escolhendo os filmes. Coloquei minha bolsa em uma mesa e me sentei em um colchão ainda vazio.

Quando ia começar o primeiro filme, todos foram procurar lugares para sentar/deitar, menos eu, que já estava toda acomodada. Quase não sobrou espaço e quando o Luís, primo da Júlia, entrou na sala com sua vasilha de pipoca, ficou procurando um lugar. Você já deve estar se perguntando onde ele se sentou. É, foi ao meu lado!

Passei metade do filme sem falar uma palavra. Ele me ofereceu pipoca algumas vezes, mas também não falou nada. O pessoal estava bem animado, alguns falavam, alguns estavam atentos ao filme e eu e o Luís ali, sem dizer nada.
Mais um tempo se passou e o frio começou a incomodar, eu já estava com uma blusa, mas ela não parecia ser o suficiente. Depois que o Luís levantou para lavar as mãos ficou mais frio ainda. Quando ele voltou, o filme já estava no fim. Ele se sentou ao meu lado e ficou lá, sem dizer nada, ás vezes até olhava as horas no celular.

O pessoal começou a se levantar e ir para a cozinha, mas eu estava com tanto frio que resolvi ficar por ali mesmo. De repente só estavamos nós ali, eu e o Luís. Virei para o outro lado, ainda deitada, pois se eu olhasse para o seu rosto ficaria vermelha rapidinho. Me arrepiei quando escutei sua voz, baixa e calma, bem perto do meu ouvido, ele dizia:

- Desculpa esperar tanto pra falar isso, eu só queria ficar a sós com você. Acredito que já tenha percebido, mas eu estou afim de você.

Me virei para ele, a essa altura ele já estava deitado também, estavamos um de frente para o outro. Acabei confessando que também sentia algo e que ficava diferente toda vez que ele estava perto. Depois os nossos lábios se aproximaram até fazerem uma junção, normalmente chamada de beijo.

No dia seguinte acordei, ainda tinham vários colchões na sala e várias pessoas dormindo neles. Era uma manhã fria, eu parecia ser a única acordada por ali, mas decidi não me levantar, pois estava aconchegante ali, o Luís estava dormindo de conchinha comigo.




Nem todas as palavras podem ser sinceras, mas um sentimento nunca é mentira.

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O conto não é Real.



E você, já se aconchegou em um sentimento?


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